“Eu coloquei um demônio dentro da minha casa. Eu dormia com um demônio”. A servidora Suellen Alencastro Arruda, de 40 anos, tem palavras fortes para descrever seu ex-companheiro, o ex-servidor Benedito Anunciação de Santana, acusado de mandar matar sua filha, a adolescente Heloysa Maria de Alencastro Souza, 16 anos.
Por que então não fez pra mim? minha filha não tinha nada a ver com isso
Heloysa foi assassinada no dia 22 de abril, em sua casa, no bairro Morada do Ouro, em Cuiabá. Seu corpo foi encontrado durante a madrugada do dia 23, em um poço do bairro Ribeirão do Lipa.
Suellen também havia tido a morte decretada por Benedito, segundo a Polícia, mas ele decidiu poupá-la porque acreditou que ela estava disposta a se reconciliar. A servidora já havia decidido terminar o relacionamento de aproximadamente quatro meses.
“Por que então não fez pra mim? Minha filha não tinha nada a ver com isso. Minha filha estava dentro de casa, minha filha era uma menina de poucas palavras, ela tinha um nível de autismo, mas não tinha deficiência intelectual”, disse Suellen em entrevista ao programa SBT Comunidade.
Na conversa, Suellen deu detalhes de como tudo aconteceu e revelou quais foram as últimas palavras que dirigiu ao seu ex, quando ela já tinha certeza do envolvimento dele no caso: “Vai para o inferno”.
Suellen negou as acusações de Benedito contra ela, de que teria envolvimento no crime.
A Polícia indiciou, no dia 6 de maio, o ex-servidor e seu filho, Gustavo Benedito Júnior Lara de Santana, de 18 anos, pela morte da menor. Outros dois adolescentes, menores de idade, estão apreendidos por envolvimento no crime.
Não deveria ter acontecido
Suellen conta que há muito tempo queria pôr fim na relação, mas era aconselhada a não abandonar Benedito.
“Em algum momento eu perguntei para Deus: ‘Senhor, por que o senhor não falou comigo?’ Mas Deus falou comigo em outros momentos. Eu juro que eu tentei sair, mas tinham algumas pessoas que gostavam dele, me ligavam”, disse.
Os pedidos eram para dar “mais uma chance para ele”, “mais uma oportunidade”. A jovem Heloysa, por sua vez, que estava sozinha em casa quando três homens a agrediram brutalmente, não teve chance alguma de defesa, apesar de ter tentado muito sobreviver, como revelam os exames periciais.
Entre os argumentos para “dar mais uma chance” ao ex ela ouviu frases como: “Ele tem bom coração, ele serve na igreja, ele está precisando de ajuda, ele pode estar depressivo, não abandona”.
“Eu em vez de ouvir o meu coração, minha vontade, meu desejo, fiquei adiando o término desse relacionamento que não era pra ter acontecido”, disse.
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