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A Era da Burrice Artificial?

Inteligência artificial é o tema do momento. Ferramentas disponíveis ao público estão produzindo importantes transformações nos negócios, na comunicação, na educação e na gestão pública. Há um grande potencial de otimização de tempo e de recursos. Pode-se vislumbrar produtos e serviços com maior qualidade, desenvolvidos e entregues de forma mais rápida e econômica.

 

Ferramentas disponíveis ao público estão produzindo importantes transformações nos negócios

Todavia, a IA deve ser utilizada de modo consciente, prudente, ético e transparente.

 

Nem sempre é o que acontece.

 

O que observamos em certas situações é a multiplicação exponencial da BA – Burrice Artificial. Refiro-me aos algoritmos de redes sociais que, priorizando engajamento acima de qualquer compromisso ético, submetem os usuários a um sistema que amplifica fake news, teorias conspiratórias, discursos de ódio e negacionismo científico com dimensão assustadora.

 

Com efeito, a IA por trás das redes sociais não foi projetada para informar ou educar, mas para reter usuários o máximo possível. E o que prende mais atenção? O conteúdo que desperta emoções extremas: medo, raiva, indignação. A verdade, muitas vezes, é monótona demais para competir com a sedução da mentira bem embalada. E assim a IA produz BA.

 

Se numa era remota, os boatos e intrigas precisavam de militantes dedicados para se espalhar, hoje as fake news são turbinadas por sistemas de recomendação que garantem seu alcance global em segundos.

 

Os algoritmos não fazem distinção entre fato e ficção. Se uma conspiração absurda sobre vacinas obtiver mais compartilhamentos do que um estudo científico revisado por pares, a máquina não hesitará em privilegiá-la, mesmo que ao custo de, iludindo pessoas, reduzir a cobertura vacinal, aumentando o risco de doenças e mortes de crianças.

 

O interesse comercial da maioria das big techs se sobrepõe a qualquer compromisso com valores éticos ou direitos humanos. O resultado? Negacionismo científico em larga escala, desde as mudanças climáticas ao terraplanismo. E não importa quantos especialistas se manifestem contra tais absurdos—se os algoritmos decidirem que a desinformação gera mais engajamento, ela sempre terá mais alcance.

 

Pior, multiplica-se o compartilhamento de discursos de ódio e preconceito, camuflados por “denúncias” contra professores, ou ambientalistas, ou indígenas etc., amparados em vídeos editados e retirados de contexto ou totalmente falsos, gerados por aplicativos com recursos deep fake, capazes de, a partir de uma fotografia sua, leitor, disponível nas redes, criar uma imagem constrangedora que poderá prejudicá-lo pessoal ou profissionalmente.

 

Algumas grandes plataformas alegam combater a desinformação, mas suas ações são cosméticas. Removem algumas postagens, rotulam outras, mas continuam recomendando conteúdos duvidosos para manter seus usuários engajados. Afinal, cada clique gera lucro. Essas empresas exploram divisões sociais, amplificam conflitos e alimentam o caos porque isso é rentável. Os danos são visíveis: fragilização das instituições democráticas, aumento da polarização política e perda de discernimento crítico pela sociedade.

 

Combater a BA exige ação coletiva. Educação digital precisa ser prioridade nas escolas, leis devem exigir transparência dos algoritmos e a regulação das big techs deve ser encarada com seriedade.

 

O desafio não é apenas impedir que a desinformação se espalhe, mas reconstruir a confiança na verdade.

 

A IA pode ser uma ferramenta para o desenvolvimento econômico, social e cultural. Mas para isso precisamos enfrentar a Burrice Artificial.

 

Luiz Henrique Lima é professor e conselheiro independente certificado.

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