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Artista de MT vai expor obra em prédio histórico da Argentina

O artista visual Maike Moreira, 42 anos, natural de Rondonópolis, terá sua obra “Vidas Pretas Importam” exposta em Buenos Aires a partir de 14 de julho de 2025 na sede do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul (IPPDH).

 

O local onde será a exibição é emblemático, já que o IPPDH funciona no prédio que abrigou a antiga ESMA (Escola Superior de Mecânica da Armada), o centro de detenção, tortura e extermínio mais importante da ditadura militar argentina, entre 1976 e 1983. Hoje o local celebra a democracia e os direitos humanos.

 

A pintura foi selecionada no edital “Olhares do Brasil”, promovido pelo Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH). 

 

Só de saber que minha arte estará lá, representando Rondonópolis e o Mato Grosso, já é uma enorme vitória

A obra, que faz uma conexão entre o emblemático caso de violência racial contra George Floyd, que foi assassinado por policiais nos Estados Unidos, e temas espirituais.

 

“A pintura mostra Jesus ao lado de George Floyd, como se estivesse dizendo: ‘Tá tudo bem, ele teve um grave episódio, mas agora está em paz’. Uni esse caso de violência com a espiritualidade para provocar reflexão”, diz.

 

“Quis denunciar o tratamento desigual dado a pessoas negras, que acontece tanto nos Estados Unidos quanto aqui no Brasil”.

 

O artista revela que a obra foi criada durante um período de intensa reflexão. “Li muito sobre direitos humanos e racialidade. Percebi como precisamos falar sobre esses tratamentos desiguais. Quando ficamos calados, nos tornamos cúmplices”, argumenta.

 

A técnica utilizada mistura elementos do realismo com traços expressionistas, criando uma atmosfera ao mesmo tempo dramática e esperançosa.

 

Quando recebi a notícia foi uma sensação indescritível”, revela Maike. “Você passa anos lutando, criando, tentando mostrar seu trabalho, e de repente vem esse reconhecimento internacional. É a prova de que estou no caminho certo”.

 

Trajetória artística 

 

O interesse pela arte começou na adolescência, aos 14 anos, ajudando o pai, que era artista e trabalhava com pintura de letreiros e luminosos.

 

“Meu pai era pintor profissional, fazia letreiros, murais e trabalhos com luminosos. Desde criança eu estava lá com ele, aprendendo as técnicas”, recorda.

 

“Ele também pintava telas e fazia serigrafia. Então tive contato com várias formas de expressão artística desde cedo”, recorda.

 

Depois de um período afastado da arte, trabalhando em outras áreas, Maike retomou seu caminho artístico há 11 anos, impulsionado por cursos no Sesc Rondonópolis ministrados pela artista Marlene Trouva.

 

“Foi um divisor de águas. A Marlene me mostrou novas possibilidades e despertou em mim esse desejo de me dedicar seriamente à arte”, conta.

 

Essa redescoberta o levou a cursar Artes Visuais na Unip, onde se formou em licenciatura e atualmente cursa bacharelado.

 

Maike atua como professor de arte na rede pública desde 2017, dando aula para o ensino fundamental II e médio, do sétimo ao terceiro ano. “Sobrevivo da arte. Dou aula de arte na rede pública e também no meu ateliê, onde ensino a desenho e a pintura”, disse. 

 

Processo criativo e inspirações  

 

vidas pretas importam

A obra que será exposta em Buenos Aires

 

Suas principais referências são Candido Portinari e a filosofia espírita de Allan Kardec. “Gosto especialmente do trabalho social do Portinari, como na obra ‘Os Retirantes’. Ele traz essa crítica forte, como se a população tivesse sido abandonada pelo governo”, explica. “É essa expressão poderosa, essa capacidade de denúncia através da arte que me inspira”.

 

O artista de Rondonópolis revela como incorpora essa influência: “Assim como Portinari, busco trabalhar temas sociais nas minhas obras, mas com minha própria linguagem, trazendo também elementos da espiritualidade”.

  

Cenário artístico em MT

 

“Sinto que aqui em Rondonópolis eles focam muito na questão da musical, mas para as artes visuais falta esse olhar mais aprofundado”, diz.

 

Sobre as oportunidades de trabalho e a valorização dos artistas visuais, ele faz um apelo.

 

“Se a gente for analisar as políticas de cultura do Estado, tem pouco trabalho para a produção de arte visual, para exposições, salões. O último salão que aconteceu em Mato Grosso, a gente nem tem certa recordação sobre ele. Falta mais iniciativas de apoio a cultura artística”.

 

Apesar da conquista internacional, Maike enfrenta o dilema comum a muitos artistas brasileiros: a dificuldade financeira para acompanhar sua obra no exterior. “Infelizmente não poderei estar pessoalmente na abertura em Buenos Aires. Os custos são altos e não tenho apoio institucional”, lamenta.

 

“Mas só de saber que minha arte estará lá, representando Rondonópolis e Mato Grosso, já é uma enorme vitória”.

 

 Para jovens artistas ele deixa um conselho. “Busquem conhecimento. Estudo é fundamental para desenvolver ideias e conceitos. Precisa estudar bastante, conhecer história da arte e visitar exposições sempre que possível”.

 

E aos que pensam em desistir, reforça: “Só vence quem luta. Se você desiste, jamais vai ganhar aquela batalha. A arte vale a pena”.  

 

 

 

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