A primeira audiência de julgamento da empresária Taiza Tossat Eleotério da Silva, do médico Diego Rodrigues Flores, e do ex-policial Federal Ricardo Mancinelli Souto Ratola, réus em um caso de esquema milionário de pirâmide financeira, ocorreu na quinta-feira (16), na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, comandanda pelo juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra.
Segundo apurado pelo MidiaNews, a sessão virtual teve início às 8h e durou cerca de nove horas. Todos os três acusados foram ouvidos, além de diversas testemunhas e vítimas do suposto esquema que teria atingido centenas de pessoas e causado prejuízo estimado de R$ 15 milhões.
Em seu depoimento, todos os três continuaram negando as acusações de crimes contra a economia popular, na qual se enquadra a suposta pirâmide financeira, lavagem de dinheiro, estelionato e associação criminosa, que teriam realizado por meio da empresa na qual eram sócios-proprietários, a DT Investimentos.
Ainda conforme apurado pela reportagem, o ex-policial federal culpou Taiza, e a chamou de manipuladora, além de afirmar que teria sido traído por ela, com quem foi casado. No depoimento, ele disse que teria sido diagnosticado com câncer e estaria realizando quimioterapia.
Prisão domiciliar
Taiza foi presa em Sinop, pela Polícia Civil, na Operação Cleópatra, no dia 31 de outubro do ano passado. Desde então, ela ficou detida na Cadeia Feminina de Colíder.
Após diversos pedidos de habeas corpus negados, somente no dia 19 de fevereiro deste ano a empresária foi solta mediante cautelares.
No pedido, a defesa de Taiza alegou que ela sofre de asma e dermatite atópica, e apontou que a unidade prisional não tem condições adequadas para manter seu tratamento. Entre as cautelares, foi determinado que ela fosse monitorada por tornozeleira eletrônica.
O suposto esquema
Conforme a investigação da Decon (Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor) de Cuiabá, Taiza seria a líder do suposto esquema, no qual já foram oficialmente identificadas dezenas de vítimas e um prejuízo de ao menos R$ 2,5 milhões.
Entretanto, o MidiaNews apurou que a maioria das vítimas preferiu não registrar boletim de ocorrência contra a empresária. O número de lesados, conforme fonte da reportagem, pode chegar a 100 pessoas, que juntas teriam perdido mais de R$ 15 milhões.
Entre 2021 e 2022, o escritório da DT Investimentos funcionou no Edifício Helbor Business, no Bairro Alvorada, na Capital. Taiza se apresentava como proprietária, enquanto seu ex-marido, o ex-policial federal Ricardo Mancinelli Souto Ratola, e o cirurgião-geral Diego Rodrigues Flores, se apresentavam como seus sócios.
Por meio de argumentos envolventes, segundo a Polícia, eles convenciam as vítimas a fazerem investimentos superiores a R$ 100 mil com a promessa de rendimentos de 2% a 6% diários, muito acima dos de mercado.
Ricardo e Diego também foram alvos da Operação Cleópatra, e tiveram cumpridos contra eles mandados de busca e apreensão, bloqueios de bens e valores e suspensão de atividades econômicas de empresas.
Na ação, entretanto, somente Taiza foi presa, por mandado, e seu marido pelo flagrante com materiais ilícitos.
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