O juiz Guilherme Carlos Kotovicza, da Vara Única de Guarantã do Norte, afirmou que o médico Bruno Felisberto do Nascimento Tomiello, de 29 anos, é “contumaz na prática de condutas violentas no âmbito das relações íntimas” e apresenta um “padrão de comportamento agressivo”.
Tal histórico revela um padrão de comportamento agressivo, sinalizando risco concreto de reiteração delitiva
A declaração consta na decisão que decretou a prisão preventiva do médico pelo assassinato da namorada Ketlhyn Vitória de Souza, de 15 anos, na madrugada do último sábado (3).
A decisão foi mantida durante audiência de custódia realizada nesta terça-feira (6).
Conforme o juiz, apesar de não possuir antecedentes criminais, Bruno já era alvo de uma medida protetiva da ex-companheira, decretada em outro processo.
“Em consulta aos sistemas de informação, verifica-se a existência de medida protetiva de urgência anteriormente decretada em desfavor do representado, evidenciando que o mesmo é contumaz na prática de condutas violentas no âmbito das relações íntimas”, escreveu.
“Tal histórico revela um padrão de comportamento agressivo, sinalizando risco concreto de reiteração delitiva. Por essas razões, sua liberdade compromete a ordem pública, tornando-se indispensável a decretação da prisão preventiva, não apenas como medida de contenção, mas como forma de interromper a continuidade de condutas lesivas”, acrescentou.
O juiz destacou ainda que a fuga imediata do investigado, após levar a vítima ao hospital, é incompatível com a postura de alguém disposto a colaborar com a apuração dos fatos.
“Essa atitude evidencia não apenas o preenchimento dos requisitos legais para a prisão preventiva, mas também a urgente necessidade de sua decretação, a fim de assegurar a ordem pública e garantir a aplicação da lei penal”, escreveu.
“Dessa forma, diante da gravidade do delito e das circunstâncias que o envolvem, a prisão preventiva revela-se não apenas adequada, mas essencial para garantir a ordem pública. A atual condição de foragido do investigado, aliada à gravidade do crime, cometido com arma de fogo, em ambiente íntimo e, possivelmente, em contexto de violência doméstica, evidencia a ineficácia de medidas cautelares diversas da prisão”, decidiu.
O caso
Na madrugada de sábado (3), por volta das 2h da manhã, a Polícia Militar foi acionada a comparecer a um hospital de Guarantã, onde havia registro de entrada de uma adolescente de 15 anos vítima de disparo de arma de fogo na cabeça.
A adolescente foi socorrida até o hospital pelo namorado. Um enfermeiro da unidade informou que o médico chegou visivelmente abalado, pedindo para que salvassem a menina dele, que não saberia viver sem ela.
A tentativa de reanimação durou cerca de 40 minutos e que o namorado acompanhou todo procedimento. Ao perceber o óbito, em um impulso emocional, ele tentou danificar alguns móveis, como janela e porta. Depois, ele deixou a unidade.
Bruno se apresentou à Polícia na tarde de segunda-feira (5) e, em depoimento, confessou ter sido o autor do disparo que atingiu a cabeça da adolescente, mas alegou que o tiro foi acidental.
Na ocasião, segundo o médico, ele estava no carro com a vítima, voltando para casa, após terem saído para se divertir.
Em dado momento, conforme ele, a adolescente pediu para dirigir e foi para o seu colo dele. Nesse instante, ainda de acordo com o médico, ele pegou a arma, dizendo acreditar estar sem munição, quando houve o disparo.