Enquanto o algodão floresce nos campos de Mato Grosso, o estado se destaca por iniciativas que unem rastreabilidade e sustentabilidade, mudando a forma de produzir e consumir moda no Brasil. A nova safra 24/25 já projeta uma produção estadual de 2,67 milhões de toneladas de pluma, segundo o IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).
Impulsionado por um clima favorável e chuvas regulares em abril, o estado mantém sua posição de liderança na cotonicultura nacional, representando mais de 70% da produção de algodão no país. No entanto, o que realmente diferencia esse crescimento não é apenas o volume, mas a forma como ele está sendo realizado.
A cerca de 100 km de Cuiabá, uma empresa do setor têxtil tem apostado fortemente em inovação e responsabilidade. Seu principal diferencial? A rastreabilidade total do algodão utilizado em suas peças.
Desde a semente plantada até a camiseta no ponto de venda, cada etapa pode ser acompanhada pelo consumidor.
A rastreabilidade tem sido reconhecida como uma ferramenta essencial para garantir a origem ética do algodão. Através do programa SouABR, da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), o processo de produção é registrado em blockchain, o que assegura que o material usado foi cultivado de forma responsável, conforme as legislações trabalhista e ambiental.

Não há espaço para trabalho escravo ou infantil, nem para desmatamento irregular. Ao Primeira Página, Pedro Sávio, sócio fundador da empresa, explica que a rastreabilidade é fundamental para garantir transparência e conectar a marca a consumidores com os mesmos valores.
“Rastreabilidade é uma forma de garantir a transparência e a certificação da origem das peças que vendemos. Através dela, conseguimos mostrar todas as etapas produtivas e assegurar que as fazendas atendem às leis ambientais e trabalhistas. Assim, conectamos nossos produtos a consumidores que compartilham dos mesmos valores e querem gerar impacto positivo no mundo”, afirma Pedro.
O compromisso com a sustentabilidade não se limita à origem da matéria-prima. As peças produzidas possuem QR codes que permitem ao consumidor rastrear cada etapa da cadeia produtiva.
Um simples clique revela de qual fazenda veio o algodão, como ele foi processado e em que condições a peça foi confeccionada.
Essa conexão entre o campo e o guarda-roupa ganha cada vez mais força, especialmente entre consumidores conscientes e empresas que buscam alinhar suas ações à responsabilidade socioambiental. O modelo tem se mostrado eficiente: em 2024, a empresa certificou mais de 30 mil peças.
Para o próximo ano, a previsão é ainda mais ambiciosa, ultrapassar a marca das 50 mil unidades.
Segundo o boletim do IMEA divulgado no fim de abril, quase metade das áreas de plantio deste ano ficou fora da janela considerada ideal, mas as boas chuvas ajudaram a compensar o atraso.
A atenção agora se volta para o mês de maio: se o clima continuar colaborando, o estado deve seguir com a expectativa de crescimento. Para os próximos dez anos a projeção é ousada, com um aumento de mais de 40% na área plantada, alcançando mais de dois milhões de hectares até 2034.
Esse cenário promissor também se alinha à crescente demanda mundial por algodão.
À medida que a população mundial cresce, a busca por matérias-primas sustentáveis se intensifica, colocando o algodão brasileiro, especialmente o mato-grossense, em uma posição estratégica no mercado global.
Em um estado onde o agronegócio é o motor da economia, ver a moda caminhando lado a lado com a sustentabilidade demonstra que é possível produzir em grande escala de maneira responsável, atendendo às exigências de um mercado cada vez mais atento às questões socioambientais.
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