Goiânia – Após uma longa jornada, o sino Vox Patris, considerado o maior sino que badala do mundo, chega ao Santuário da Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade, na região metropolitana da capital goiana, neste domingo (1º/6). A peça ficou conhecida como “sino peregrino”, em razão da viagem de mais de 10 mil quilômetros realizada entre a Polônia, onde foi fabricado, e Goiás.
Após mais de 10 anos na Europa, quase 40 dias em alto mar e uma viagem terrestre de pouco mais de uma semana pelo Brasil, o sino Vox Patris chegou ao local onde ficará no templo católico. Com 55 toneladas, 4 metros de altura e 4,5 metros de diâmetro, a peça custou cerca de R$ 18 milhões.
Confira a programação para a chegada do Vox Patris em Trindade:
- 5h30 – Saída do Sino Vox Patris do Guanabara em Goiânia
- 6h – Concentração no Trevo do Padre Pelágio
- 7h – Entrada do sino Vox Patris em Trindade pelo Portal da Fé
- 8h – Missa em frente às rampas do Santuário Basílica
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Sino Vox Patris
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Maior sino do mundo está pronto para ser instalado no novo santuário, cuja obra se arrasta há anos
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Encontro do padre Marco Aurélio, de Trindade, com representantes do governo federal em março deste ano
Reprodução/Redes Sociais
Homenagem ao Pai Eterno
O sino começou a ser fabricado em 2014, em Cracóvia, na Polônia. De acordo com o fabricante, as medidas do sino equivalem ao peso de 10 elefantes e a altura de uma girafa. Vox Patris é um símbolo de fé e história. Sua estrutura, adornada com gravuras que narram a origem da Romaria do Divino Pai Eterno, foi criada pelo artista goiano Silvio Morais.
Fundido em bronze, o objeto é uma homenagem aos 185 de devoção ao Divino Pai Eterno. O sino é feito de uma liga especial formada 78% por cobre e 22% por estanho. Além do significado especial pela morada no novo santuário, o Vox Patris também foi personalizado com gravuras fundidas na parte externa. As imagens contam a história do Divino Pai Eterno em ordem cronológica. Primeiro, as imagens do encontro do medalhão pelos lavradores e, por último, a construção da Basílica, em 2016.
Além disso, o sino tem representações da fauna e da flora do Cerrado goiano, como lobo-guará, tamanduá e tucano. Todos esses detalhes levaram em torno de 3 anos para serem feitos, de acordo com a assessoria do santuário.
A fabricação das partes principais do sino foi finalizada em 2017, mas outras estruturas, como peças de sustentação, precisaram de mais tempo devido a intercorrências como a pandemia e a guerra na Ucrânia, que atrasaram a entrega.
Logística e transporte
Após mais de 10 anos na Europa para a fabricação, o Vox Patris enfrentou mais de 40 dias de viagem até Trindade. Segundo a empresa responsável pelo transporte do sino, a transportadora Windlog, “a trajetória envolve uma complexa combinação dos modais marítimo e rodoviário”.
O sino saiu de Gdansk, na Polônia, no dia 11 de abril, para o porto de Hamburgo, na Alemanha, onde embarcou para uma viagem de mais de 10 mil km em alto mar até o Brasil. O trecho teve duração de 35 dias e o sino desembarcou no Porto de Santos, em São Paulo, no dia 17 de maio.
Na baixada santista, fiéis receberam o sino com uma missa especial para marcar a sua chegada. De lá, o sino saiu escoltado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), por um itinerário que passou ainda pela estado de Minas Gerais, até chegar a Goiás, nessa quinta-feira (29/5).
A carga avança com velocidade reduzida e exige manobras coordenadas em alguns trechos. Uma das principais orientações diz respeito à sinalização feita pelas escoltas que acompanham o comboio.
“Em pista simples, a escolta traseira é a responsável por informar aos veículos que vêm atrás se é seguro ou não realizar ultrapassagens. Quando a escolta não libera, é porque há tráfego no sentido contrário, e insistir na manobra pode resultar em colisão frontal”, informou a PRF.
A corporação ressaltou que “todo o percurso é sempre da mesma forma. Ele [o sino] repousa em uma cidade a tarde ou a noite e por volta das 7h ou 8h do dia seguinte segue viagem novamente, se não tiver nenhuma intercorrência”.
Suspeita de superfaturamento
Durante a Operação Vendilhões, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) em 2020 e que investigou suposto desvio do dinheiro doado por fiéis da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), o sino de 55 toneladas, 4 metros de altura e 4,5 metros de diâmetro também foi alvo de suspeita de superfaturamento.
Inicialmente, a Afipe, que era presidida pelo Padre Robson de Oliveira, informou que o objeto havia custado em torno de R$ 6 milhões. A investigação do Ministério Público descobriu um valor três vezes maior: quase R$ 18 milhões.
Pedido de ajuda ao governo federal
Desde que o religioso foi afastado da Afipe e da reitoria da basílica do Divino Pai Eterno, a obra do novo santuário avançou, e a associação adotou uma postura de dar maior transparência às suas ações e aos seus projetos. O sino, no entanto, demorou para chegar ao Brasil, apesar de estar pronto há seis anos.
Em março deste ano, o novo reitor da basílica e presidente da Afipe, padre Marco Aurélio Martins da Silva, esteve com representantes do governo federal para viabilizar a vinda do sino da Polônia. Ele deverá ser transportado de navio.
O padre esteve com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, com o secretário executivo do ministério, Olavo Noleto, e com o chefe de gabinete da secretaria executiva, Sérgio Alberto Dias.
Ao todo, segundo a Afipe, serão 73 sinos juntos: 68 menores em carrilhão, outros quatro medianos, que também serão trazidos da Polônia, e o Vox Patris.
A nova basílica, cuja previsão inicial de término era 2022, segue em construção. Ela foi projetada para ser a segunda maior do país e a terceira maior do mundo. A área total construída será de 145 mil metros quadrados. O templo terá capacidade para acomodar 8 mil pessoas sentadas.